Quem anda no chão quem andas nas arvores, quem tem asas ,2014
de Gustavo Ciriaco
Quem anda no chão, quem anda nas árvores, quem tem asas propõe repensar a tragédia em um diorama. Comuns nos museus de história natural, os dioramas encerram vista e ambiente em reproduções realistas de paisagens. Na origem do termo, diorama significa através do que se vê, uma vista. Através deles, mergulhamos em tempos congelados de um animal na sua paisagem. O museu de ciências naturais visita o trágico, desliza na comédia e constrói ficções criando uma vista para um panorama em mutação, um mundo em queda, experienciado através do que a distância preserva, evidencia e faz desaparecer.

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Peça do Coração-HIM, 2015 de Mariana Tengner Barros

O termo fragrância surge como uma vontade de pensar a forma como os afectos são mercantilizados, isto é, como o amor é vendido e comprado, promovido em saldos. Parafraseando a artificialidade dos odores vendidos para homem e mulher “for her / him”, esta peça centra-se também na eficácia da venda do desejo através de formas sofisticadas e plásticas, propondo, entre outras coisas, passeios pela iconografia do coração dos spots publicitários.

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The importance of nothing, 2012
de Carlota Lagido
THE IMPORTANCE OF NOTHING parte de um acto radical de ressignificação, de como um objecto levado de um contexto para outro passa a adquirir um novo lugar numa dada ordem simbólica. Explorando o afecto, isto é, aquilo que deixa uma marca, aquilo que afecta, esta peça desvela a ordem dos prazeres difíceis, aqueles raros, notáveis prazeres, híbridos na sua constituição, com implicações provavelmente ascéticas. Aqui, é possível entrever uma ética do cuidado de si. Esta peça propõe uma exploração das relações, assente numa defracção, em que num indivíduo se veja uma potência de multiplicidade, vários egos que se desvelam em estruturas complexas, múltiplas, multiformes, multicêntricas. O uno torna-se multitude. THE IMPORTANCE OF NOTHING é uma espiral, onde fantasmas, obsessões e neuroses cohabitam e multiplamente se determinam, engendrando um locus, onde um só pode ser muitos."

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ANDIAMO!, 2012
de Francisco Camacho
O cenário evoca uma cratera de vulcão, remetendo para a iminência da catástrofe assim como para o poder da criação. Na sua passagem por estas paragens, várias pessoas forjam as suas identidades. Através das suas interacções iniciais, descobrimos a necessidade mesquinha de quererem o controlo das situações, não perdendo uma oportunidade de dominar os outros. Observando-os, é difícil, todavia, dizer quem controla de facto quem e o quê. A certo ponto, darão um passo de encontro a um outro ser. Perante esta nova chegada, são desafiados, na sua individualidade e na atenção ao outro. Este gesto levá-los-á ao estilhaçar das personas por si adoptadas, revelando o seu desespero. Em resposta a uma necessidade de acção, a sua proposta será imaginar e reinventar, será criar. Uma figura não identificada e ignorada por quase todos eles, olha-nos, a nós espectadores, durante todo o decurso das suas acções.

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